Lições de um “fiasco” – o resgate

15/12/2009 – terça-feira

           A educação, melhor dizendo, a hombridade com que Rubens Espírito Santo recebeu a figura deste escrivão imediatamente após as pesadas censuras feitas ao seu desempenho de ontem, ensinaram mais sobre a Arte da Crítica do que qualquer livro pode fazê-lo. É um tipo de lição olho-no-olho, que não se aprende nos bancos da universidade, mas que só uma experiência real como a da cabana pode proporcionar. Não acredito, todavia, que Rubens teria poupado do mesmo modo a outrem que não lhe pertencesse, quero dizer, que não fosse do grupo dos 28. Conheço sua rispidez, sua embasada rispidez. Mas sei também de sua perfeita consciência das vicissitudes da formação de um crítico nas entranhas de uma obra de arte.

          O que dizer então da elegância de Flávia Tavares? Recebeu-me ela, sorridente, com um texto em folha rosa nas mãos. Não se trata somente de um esclarecimento (no sentido mais belo da palavra), mas de um ir além natural, que mostra precisamente até onde o artista foi e o crítico parou.

Diante dele, calo-me:

‘O Nome do Pai’ ou ‘O Inaudito’

Um homem e uma jovem mulher se sentaram para conversar diante de um público com expectativas múltiplas. Havia ali aqueles que não esperavam nada, como havia aqueles que esperavam tudo, talvez uma espetacularização de corpos se fazendo em carne viva.

Mas esses dois corpos ousaram ir além da carne. Aceitaram o risco. Conseguiram se misturar através do perfume do corpo.

Um corpo vivo, “o pai”, fez algo extraordinário. Logo após dizer que não era mágico, resolveu abandonar o diálogo com o corpo físico da jovem e encadeou uma conversa com o fio que está sendo tecido do corpo inventado da mulher. A troca física de lugar de ambos deu início ao inaudito. A partir dali o que era dito importava pouco. Suspendemo-nos no tempo. Poucos nos alcançaram. Caminhamos no extemporâneo.

O nome do pai se fez em ato naquela noite.

Foi uma conversa entre Rubens Espírito Santo e o espírito de Flávia Tavares.

Os dois foram impecáveis. Ele porque fez a única coisa que podia fazer, e ela porque O ouviu.

 Flávia Tavares

15 de dezembro de 2009

3 Respostas to “Lições de um “fiasco” – o resgate”


  1. 1 kiko 16/12/2009 às 16:51

    Só de passagem…

  2. 2 macadden 17/12/2009 às 2:58

    primeiramente desculpo-me pela grotesca critica anterior feita por mim e segundamente,lamento por este locutor se deixar envolver pelo sentimentalismo daqueles que não reconheceram o fracasso do que ocorrera naquele ringue,não se deixe levar pela emoção a imparcialidade é sua rota e a franqueza e seu caminho,alem do que a derrota de uma situação fazparte de um caminho que certamente levara ao sucesso se bem avaliada e estudada para para que possamos nos ajustar para um acerto futuro,não joguem panos quentes sobre vós mesmos e bola pra frente

    • 3 diariodacabana 17/12/2009 às 11:14

      Aprendi com Marco Aurélio Antonino (121-180 d.C.), Imperador de Roma de 161 até o ano de sua morte, a seguinte lição:
      “Nos ginásios, se alguém nos arranha com as unhas ou nos acerta uma cabeçada violenta, não reclamamos, não nos ofendemos, nem o suspeitamos de futuras insídias. Precavemo-nos, por certo; não, porém, como dum inimigo, nem com desconfiança, mas com uma esquiva isenta de malquerença. Seja mais ou menos assim nos outros setores da vida; relevemos muitas faltas desses como que nossos parceiros de luta; podemos, como dizia, esquivar-nos sem desconfianças nem ressentimentos.”
      Por isso estou plenamente de acordo consigo, Sr. MacAdden. As caneladas fazem parte do jogo: bola pra frente!

      P.S.: Quanto ao seu conselho, guardo-o comigo.


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