Fim do Ringue: vitória do branco

09/01/10 – sábado

          Na ausência de RES – que foi a São José dos Campos e só volta amanhã (domingo) –, os ocupantes Jan Nehring, Bhagavan David, Lucas Schlosinski e Renata Junqueira acharam por bem exterminar a parte da Galeria Mario Schenberg destinada ao famoso ringue extemporâneo, onde se travou a série de conversas fundamentais (cf. Duelo Marcado e Lições de um fiasco). Esta parte da galeria consistia num canto inteiramente pintado de vermelho (inclusive o chão) cuja parede recebera um texto pintado de negro, distribuído em duas grandes colunas, a respeito da consagração de Exu por Oxalá como guardião das encruzilhadas.

          Tudo isso foi recoberto de branco. Os quatro ocupantes justificaram sua ação com base nas orientações do próprio RES, que lançou no primeiro dia de retorno do grupo à FUNARTE o lema “2010 sem esforço” (cf. O corpo é quente como o sangue), ressaltando que a fase de posse e conflito estava superada, entrando agora a ocupação numa fase de assentamento e domínio. Com o predomínio do amor sobre o ódio, os combates intestinos cederiam lugar à cooperação, e eventos como o ringue extemporâneo deixariam de ter sentido. Nada mais lógico, portanto, que o espaço-símbolo do conflito tenha sido suprimido.

          O curioso é notar que mesmo a paz, para se impor, às vezes requer um ato de confronto. Digo isto porque o responsável pela pintura dedicada a Exu, Rafael Aboud, também não estava presente, portanto, não foi escutado quanto à decisão de se apagar o texto. Não que Aboud seja do tipo de criar caso por uma coisa destas, muito pelo contrário: não há ninguém menos dado a melindres do que ele, nem seu canto a Exu tinha qualquer intenção agressiva. Aliás, tamanha é a segurança que Aboud transmite ao grupo, tamanha sua capacidade natural (e silenciosa) de agregar a coletividade, que ele há tempos vem sendo considerado O Guardião da cabana. Apenas aponto para o fato de que o branco da paz precisou se impor ao vermelho-e-negro da guerra para se estabelecer.

 

2 Respostas to “Fim do Ringue: vitória do branco”


  1. 1 macadden 12/01/2010 às 4:34

    sem querer meter-me(nada a ver com auto penetração em si proprio) acho que a pré programação cordenada por res não esta dando muito certo,deixem as coisas fluirem sem forçar idéias e não se esqueçam que a técnica é sempre filha do conceito e que muitas vezes menos é mais na arte,deixa o caminho se trilhar sozinho

    • 2 diariodacabana 12/01/2010 às 8:32

      Frases de efeito revelam-se vazias quando inseridas num contexto pouco meditado. Afinal, se “a técnica é sempre filha do conceito”, ou seja, se o fazer requer o pensar (e não qualquer pensar, mas aquele que elabora uma determinação do pensamento), não faz sentido clamar por um fazer sem idéias. Não vejo problema no senhor se autopenetrar, mas que o faça com consciência.


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