06/01/10 – quarta-feira
Um texto de autoria de André Sztutman, elaborado no período de recesso de fim de ano da FUNARTE (cf. Fechando as portas de 2009 e Diáspora) foi apresentado hoje aos demais ocupantes da cabana e causou excelente impressão, ainda mais porque sua leitura sofreu tradução simultânea para o francês de Renata Junqueira, possuidora de excelente dicção. A cada verso, a elegância da repetição francesa nos lábios de Renata ressaltava sobremaneira a poesia deste texto, cuja reprodução integral segue abaixo:
1-
falar de amor até que se diga: Deus
estamos na fronteira deste país que se chama Filosofia
num espaço entre duas coisas que nem sei quais são
um intervalo que talvez seja poesia
mas acho que outro nome lhe convém.
andamos suspensos
quase rezando
porque cortamos recentemente as últimas amarras dos ressentimentos
que nossa história humana tão fortuitamente deu
cortamos somente o que nos puxava
mais para um lado que pro outro
ainda temos nosso fios
que voam pelo mundo, por exemplo, passando entre os cabelos das pessoas
e se deitando em lugares bem ao longe
galpões, estábulos, onde apreendem todo sono.
às vezes, quando estamos de pé assim se equilibrando em tudo
algo de ácido nos toca como uma gota,
algo de doce enche nossos ouvidos
o amargo se senta nas pontas dos dedos
e o salgado sorri.
neste equilibrar-se sempre
há quando ser leve
e quando pesar.
pesar como vulcão
e ainda assim estar suspenso
é isso o que queremos,qualidade,apenas parabens
Obrigado(!)
lindo sztuzinho
de dente de leite à juniores com louvor!