03/01/2009 – Domingo
Para os que retornam, segue um texto de Rubens Espírito Santo em co-autoria com André Sztutman, o qual chegou às mãos deste escrivão em 22/12/2009, quando esteve no atelier do centro em busca de orientação para estudos de arte moderna (cf. O Guia do Curioso). Na ocasião, RES solicitou que o texto fosse publicado neste diário. O atendimento à demanda realiza-se hoje, aproveitando o ensejo oferecido pelo encerramento oficial da série Correntes da História nesta véspera de retorno do corpo de artistas ao espaço físico da galeria Mario Schemberg, na FUNARTE/SP.
Que este texto possa servir de inspiração a todos os integrantes da ocupação, a qual entra agora em sua fase decisiva.
TEXTO DE R.E.S e A.S.
1.
Da convivência de todos:
Sobre a GUERRA:
Do homem com ele mesmo.
Do homem e sua sombra.
Doença e cura.
Conscientização de um órgão para a cura: Inocular-se.
Sobre o outro.
Amizade – percepção do outro.
Amor – potencialização do outro.
Amor e amizade me fornecem uma noção do outro
O outro possibilita a autoperceopção: COMUNHÃO
Solo espiritual (Temenos): campo do ritual, espaço sagrado.
Fora e dentro é a encruzilhada – lugar de travessia.
O transbordamento da missão: missão coletiva e missões individuais.
Por exemplo: qual é exatamente a missão de R.E.S. e qual a de A.S.?
Missão de R.E.S.: Direcionar o outro para ele mesmo. Atravessá-lo. Dar um gato no outro.
Missão de A.S.: Estar na encruzilhada – cruzada: recepção; reunir pessoas por um motivo grandioso.
2.
O que chamam política chamaremos ética: o novo advento.
A política (ética) é a economia (provisão) da alma.
A ética é a provisão do corpo incorporado.
O corpo incorporado é a provisão de recursos de uma nova tecnologia imunológica.
Grande vulcão vivo e incandescente que se proclama mundo.
O ímpeto é o excesso do corpo.
Ímpeto: impulso, movimento repentino, força súbita e intensa, violência, entusiasmo, arrebatamento, poder de ação, dinamismo, vitalidade, energia, calor.
O corpo imanente propicia a abertura e arrebatamento.
Kurt Gödel – Não existe mais nada acabado, há um inacabamento do ser, ou seja, o ser está no devir.
3.
O que chamam ética chamaremos corpo incorporado, possuído, habitado.
Corpo autorizado.
Que nos impele a dizer palavras1, a sustentar a beleza2 e o expurgo.
- Palavras: o sagrado – corpo de sentimento caloroso – “e o corpo se fez verbo”, e o corpo se fez comunicação.
- Beleza: estar no exercício da sua razão de viver. “Beleza é o brilho do que é verdadeiro”, J. Beuys.
4.
O corpo é quente como o sangue
No lugar de saudade, afirmaremos comunhão – celebração, presentificação.
Corpo enquanto compaixão – corpo sem ressentimentos.
O corpo e a compaixão é o desprendimento de ter para si. Não quero mais nada só para mim.
Amar é oferecer-se.
Estar em fluxo com o amor para deixá-lo ir.
No lugar de avareza, a onda de Katsushika Hukosai!
5.
Viva o amor heterogêneo não depredador!
O vampiro sem reflexo é “assidente“.
Reflexo é proteção, preservação da vida.
O antivampiro: o sol, a colméia, a abelha, o instinto de sobrevivência.
ANTIMUTUALISMO, ANTIEXÉRCITO.
Hexagrama 13. Tung Jen / COMUNIDADE COM OS HOMENS:
“A imagem do trigrama superior, Ch’ien, é o céu; a do trigrama inferior, Li, é a chama. Por sua própria natureza o fogo arde em direção ao alto, rumo ao céu. Isso sugere a idéia de comunidade. Devido ao seu caráter central, é a segunda linha que reúne à sua volta as cinco linhas fortes. Este hexagrama é o oposto do hexagrama 7, O EXÉRCITO. Neste último o perigo encontra-se no interior e a obediência no exterior, caracterizando um exército guerreiro que para manter-se unido necessita de um homem forte entre muitos fracos. Aqui a clareza encontra-se no exterior o que caracteriza a pacífica união entre os homens, que para manter sua coesão necessita de uma pessoa suave entre muitas firmes.”
Elias Canetti – nunca desejar o vazio.
MODÉSTIA pág. 70 do I-Ching.
6 na quinta significa:
NÃO SE VANGLORIE DA SUA RIQUEZA DIANTE DO PRÓXIMO.
É FAVORÁVEL ATACAR COM VIOLÊNCIA.
NADA QUE NÃO SEJA PROPÍCIO.
A modéstia não deve ser confundida com a indulgência fraca que tudo deixa passar. Quando um homem ocupa uma posição de responsabilidade deve, em certos momentos, recorrer a medidas enérgicas. Mas para isso não deve tentar impressionar fazendo alarde de sua própria superioridade, e sim assegurar-se dos que estão ao seu redor. As medidas a serem tomadas devem ser puramente objetivas, sem qualquer conteúdo de ofensa pessoal. Assim, a modéstia manifesta-se até mesmo no rigor.
Estou acompanhando o diário.
Muito bom!!!!!
Abraços
Que bom, Adriana! Continue firme, e esteja à vontade para fazer comentários sobre o que bem entender.
não tive paciencia pra ler mais vendo por cima me pareceu algo