27/01/10 – quarta-feira
Depois do episódio em que um dos cabaneiros atingiu uma residência particular ao intervir numa instalação de seus companheiros de ocupação (c. O caso Adolfo Gordo), algo de podre, latente, veio à tona na cabana, a começar pela aparição da obra que captura a imagem de um excremento como símbolo final daquela instalação.
Desde então, a incendiária exposição pessoal que começou pelos nomes de André Sztutman e Lucas Schlosinski (cf. O Milagre de Respirar sem Aparelho) foi espalhando até atingir este escrivão e, enfim, o próprio Rubens Espírito Santo (cf. Dadaísmo extemporâneo até A Voz da Crítica).
Alheios a toda esta polêmica, os artistas Rafael Pajé Aboud, André Sztutman, Jan Nehring, Bhagavan David, Bruno Shintate, Lucas Schlosinski e Silvia Mharques continuaram trabalhando, em silêncio, no interior da galeria Mario Schenberg, sem se deixarem contaminar pela virulência dos embates acontecendo ao redor e acima deles. Numa resposta madura, resistiram à traiçoeira maré negativa que facilmente poderia ter arrastado algum incauto ao fundo; nadaram na contracorrente da vaidade, concentrando-se no trabalho, na simplicidade, sem alarde, sem alteração do seu proceder natural.
Um fato ocorrido hoje tocou profundamente a sensibilidade deste escrivão, mudando seu entendimento em relação ao caráter do espaço da Mario Schenberg. Todos estavam ocupados: Sztutman, com um golpe de mestre na própria obra, conferia surpreendente carga afetiva a um quadro antes insípido; Jan Nehring escalava o corpo da cabana concreta para alterar o foco das luzes internas; Pajé recortava madeira com uma serra elétrica e Bhagavan atualizava seu currículo no computador.
Eis que chega um visitante, garoto magro e pálido, ruivo, camisa xadrez de botão e pastinha de escritório; entra direto na cabana extemporânea como se aquilo não fosse a casa de ninguém – coisa que de fato não é. Pega a “máquina de violinos” de Silvia e, não conseguindo fazê-la funcionar com o pé, dá um tranco brusco na polia da férrea – mas delicada – engrenagem. Rafael Pajé dispôs-se a ajudá-lo, mas o garoto não queria muita ajuda. Sua única pergunta – “Como vocês fizeram para conseguir esses rolamentos de aço?” – não era de fato uma pergunta, mas uma ocasião para falar que aquilo devia ser caro. Pajé, sempre solícito, explicou o que o garoto queria saber. Este, não achando mais o que atacar, foi embora.
Ninguém deu qualquer importância a este fato, afora o escrivão, que, acompanhando à distância o proceder de Pajé, lembrou de quantas vezes havia ele mesmo “feito sala” para visitantes que, nem sempre, estavam dispostos a interagir de maneira positiva; lembrou-se especialmente de um cinquentão de cabelo grisalho e camisa florida aberta no peito, corrente de ouro, boca suja, que chegou dizendo algo do tipo “Eu quero saber que caralho é essa merda!”, e que, ainda assim, foi tratado com paciência e educação, sendo acompanhado em um “tur” pelo interior da cabana, tendo este escrivão como guia. O sujeito, sem qualquer abertura para aprender algo da cabana, despejou seu palavreado chulo no ambiente e saiu do jeito que entrou: um ignorante satisfeito. O sentimento, para este escrivão, foi, contudo, de exploração.
Hoje, o escrivão compartilhou do silêncio dos artistas. Meditou as palavras de RES, ditas no início desta ocupação, de que “a cabana é uma catedral“. Meditou e compreendeu.
Antes de ir embora, ouviu de André Sztutman:
“Esta música é uma homenagem a esta sala…”
Sztutman deitou o disco na vitrola, e o que se ouviu foi a voz inconfundível de Gilberto Gil:
“Esta música é dedicada ao físico nuclear Mario Schenberg!“
Seguiram-se as batidas do reggae Oração Pela Libertação da África do Sul, de 1985.
Prepotente e arrogante !!!
Quem esta sendo EXPLORADO é o office-boy e o Sr. da camisa estampada pois é deles o dinheiro público que está bancando esta punheta mental.
Vê se fica mais humilde e tenta explicar para os donos indiretos disto tudo o que voces estão fazendo com o dinheiro deles.
Cada um se diverte como quer DESDE QUE PAGUE A CONTA SÓZINHO
Os cães ladram, e a caravana passa.
po…que falta de assunto.
ilmo senhor otario:recito-lhe amor no seu coração,esse veneno pode até prejudicar a sua saude e afinal,voce acredita mesmo o fato de pagar seus impostos em dia faz com que voce tenha o direito de ser mal educado com quem tambem paga seus impostos em dia,pagar imposto é dever de todos,desvie suas criticas para onde realmente elas fariam sentido,como é o caso dos administradores corruptos do dinheiro publico,e não a rapaziada da cabana,com certeza ali não um centavo seu,amor otario,amor no coração,busque e mudaras