O Guia do Curioso

22/12/2009 – terça-feira

             A sós, vararam a noite um curioso e uma enciclopédia de História da Arte. Os olhos vorazes do curioso percorreram páginas e mais páginas profusamente ilustradas com imagens de obras fundamentais da Humanidade, mas inéditas para ele, cada qual merecedora de uma atenção infinita. Paralelamente, uma sucessão de palavras imortais reverberava em sua mente, imiscuídas ao vertiginoso fluxo imagético: Giotto, Van Eyck, Fra Angélico, Piero Della Francesca, Boticelli, Da Vinci, Michellangelo, Rafael, Ticiano, Donatello, Caravaggio, El Greco, Velázquez, Rubens, Rembrandt, David, Delacroix, Ingres, Blake, Goya, Monet, Renoir, Cézanne, Van Gogh, Gauguin, Rodin, Picasso, Gaudí, Matisse, Duchamp, Dalí, Mondrian, Kandinsky, Miró, Modigliani, Chagall, Magritte, Rivera, Orozco, Pollock, Warhol, Reinhardt, Rothko, Tarsila, Portinari, Amilcar, Niemeyer, Oiticica, etc. etc. etc.

              Um turbilhão de estímulos misteriosos entrou pelos olhos esbugalhados do curioso, excitando sua mente em direções indeterminadas. O avanço acelerado pelos séculos da História da Arte afigurou-se-lhe um delírio machadiano, ao fim do qual a compreensão daquela “obra misteriosa, com que entretinha a necessidade da vida e a melancolia do desamparo” escapava-lhe.  

            Como lidar com esse infinito de sugestões estéticas, emotivas e ideológicas da arte, como abarcar o incomensurável? Como, ainda, reduzi-lo a palavras, representá-lo diariamente num discurso racional, com tempo de estudo tão curto?

          Impossível, se se espera um mínimo de profundidade. Mas como já dizia o grande pensador argentino Sarmiento, escutado a partir da fala mágica de José Ingenieros:

 “Las cosas hay que hacerlas; mal, pero hacerlas”.  

                                                                        (O Homem Medíocre, pág. 250)

           Hoje pela manhã, o curioso adentrou decidido o Atelier do Centro, em busca de orientação para a tarefa inglória de aprender o mínimo sobre aquilo que se dispõe a falar de agora em diante: História da Arte. Rubens Espírito Santo emprestou-lhe sua melhor bússola, o imponente livro Arte Moderna – Do Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos, do italiano Giulio Carlo Argan, considerado um dos maiores historiadores da arte de todos os tempos.   

            Este, pois, será de agora em diante O Guia do curioso, que tem 12 dias para escutá-lo por 689 páginas, revestindo-se de algum conhecimento seguro antes de voltar à jornada através do imprevisível, no interior da obra viva.

3 Respostas to “O Guia do Curioso”


  1. 1 macadden 23/12/2009 às 0:45

    como dizem conhecimento não ocupa espaço,mais não dixe d analisar sempre por aquela maravilhosa caracteristica da alma,a intuição,mais com dizem conhecimento não ocupa espaço

  2. 2 Patrícia 23/12/2009 às 10:13

    Realmente parece tratar-se de uma odisséia no campo das artes. Aproveitarei para pegar uma carona já que também sou uma curiosa.
    Tenho certeza de que farei uma deliciosa viagem…


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