RIO: vertente extemporânea

17/12/2009 – quinta-feira 

          Alguns leitores mais assíduos devem ter notado a prolongada ausência, neste relatório, do nome de Bhagavan David, primeiro e sempre ativo ocupante da cabana. Eis, então, sua volta triunfal: Bhagavan acaba de retornar do Rio de Janeiro, para onde foi há cinco dias participar da abertura de uma mostra coletiva na galeria Viegas Mercedes Arte Contemporânea. Bhagavan é o artista mais jovem do evento, que contou, na noite de abertura, com a presença de ninguém menos do que Tunga, assim como obras recentes de Amilcar de Castro (!), Cildo Meirelles (!), Leonilson (!) e outros dos maiores nomes da arte nacional. Se isso não for começar com o pé direito, não sei mais o que é.

            Ainda mais ao se levar em conta o fato de que a própria marchand Viegas Mercedes salientou a presença de Bhagavan como o fator que conferiu o frescor necessário à exposição, naturalmente estática em decorrência da presença maciça de pesos-pesados do mainstream nacional. Com a pertinente humildade que convém a um jovem diante de artistas experientes e consagrados, Bhagavan ocupou um lugar esteticamente pouco ativado da galeria, a varanda que dá para o jardim do lado de fora, a qual também serve de fumódromo para artistas e visitantes do espaço interno.

            Do alto da varanda, Bhagavan fez uma videoprojeção, de 4 por 5 metros, de imagens de mar e sol ofuscante, as quais, em virtude do estouro do contraste, ganharam expressividade musical e orgânica, aumentada pelo fato de as imagens se sobreporem aos bambus e trepadeiras desgastadas do jardim. Os raios de sol circulando na parede potencializaram o tom místico da natureza ressaltado no vídeo.

            A janela extemporânea aberta por Bhagavan não teria encontrado sua brecha na compacta exposição se não tivesse partido de uma postura natural de humildade e da consequente visão do espaço certo para realizar sua instalação, que soube aproveitar o máximo de contraste entre a juventude e a experiência, arejando o mainstream com o frescor de uma nova geração.

2 Respostas to “RIO: vertente extemporânea”


  1. 1 macadden 20/12/2009 às 2:55

    a ocasião faz o artista,o que difere o grande artista do comum é essa percepção de agir na hora e de maneira certa como pareceu-me ter feito nosso amigo bhagavan (cujo nome parece ter sido tirado do sanscrito),que a casa se contagie por seu bom senso e competencia


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